sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ecos de ti, MH



Ele não podia evitar sorrir cada vez que, por tudo e por nada, se lembrava de MH.
E reflectia no contraste que se dava no clima entre os dois à medida que corria mais tempo depois de cada vez que estavam explosivamente juntos.
Explosiva e demolidoramente! Horas e horas a fio, a ponto de os corpos de ambos ficarem num estado quase miserável de fadiga, exaustão, vermelhidões e, nas palavras dela e nos silêncios dele, dificuldade em andar. “Não te aguento”, dizia ela. “O mérito é teu”, dizia ele, que ficava com o sexo cansado e de pele sensível durante dois ou três dias.
Á medida que esse tempo entre encontros crescia, era como se ela o aproveitasse para se desligar e esquecer do que quer que fosse que a atraía nele, qual tratamento de desintoxicação auto infligido.
E a ele, não podendo dar-lhe a entrega que ela exigia e que provavelmente merecia, não lhe restava outra solução que não fosse a de se resignar e aceitar sem luta a ausência dela.
Não era no entanto suficiente, a ausência dela, para impedir que fosse atacado por uma tesão quase dolorosa, a pretexto de quase tudo, e, de quase nada, relacionado com ela.
Como por exemplo naquela segunda feira após uns dias de silêncio quase repousante, em que MH lhe mandou uma simpática, inspirada e colorida mensagem de desejos de boa semana.
Ele estava no escritório quando recebeu a mensagem electrónica, e mais uma vez sorriu com a ternura que se tem com quem sentimos vir a gostar como pessoa especial para o resto da vida.
Sorriu pois. Ternura. E tesão!
Ficou imediatamente cheio de tesão. Aquela tesão dela, que coisa!
Chegou-lhe um desejo de a ver aparecer ali no escritório junto dele, agarrá-la, afastar, com a brusquidão daquele momento de vontade, a roupa que fosse preciso afastar para ter acesso ao sexo dela, ajoelhá-la na cadeira com ela agarrada às costas ou ao braços, afastar-lhe um pouco as pernas, acariciá-la com a firmeza de quem deseja muito, dando à palma da mão e aos dedos ordens firmes para explorarem e se molharem, e por fim agarrar-lhe as nádegas e penetrá-la por trás de uma só vez,  aconchegando-se dentro dela o mais que podia, ao mesmo tempo que os dentes e a língua dele lutavam entre si para lhe morder ou lamber o ombro ou o pescoço, as mãos dele a fazerem incursões alternadas às mamas,  mamilos e clítoris, e sentir-lhe a voz, a respiração, o corpo dela, ou todos estes juntos, a pedir, de dentes cerrados e chamando-o pelos seus dois primeiros nomes “Fode-me, R.O., fode-me R.O.!”, e jogar aquele jogo tão bem treinado de, se virem ao mesmo tempo, violentamente e em grande algazarra como faziam cada ultima vez que fodiam em cada um dos seus quase épicos encontros, como uma grande apoteose final.
E no fim… aquele poderoso abraço ternurento e espontâneo de ambos, que tornava o vício um do outro numa coisa imensamente doce... E que celebrava de cada vez uma despedida anunciada que ia sendo adiada.
Talvez fosse isso que provocasse aquela tesão em ambos: fodiam-se um ao outro como se pudesse ser a última vez. E despediam-se com aquele abraço incrível  que podia ser ser o ultimo.
De uma das vezes foi.
Mas os sorrisos não deixam de aparecer de quando em quando, nas caras de ambos.

Beijo Ousado

4 comentários:

  1. Pergunta "parva": tens a certeza de que nunca tiveste um blog, de que nunca publicaste? Esta escrita é-me ligeiramente familiar. A maneira de explorar o tema.

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  2. A não ser que atrás dessa mascara sejas a MH, que na altura em que o escrevi o leu, a resposta é: Tenho a certeza que nunca publiquei nada. Só em post-its e guardanapos de papel, sms ou emails enviados a quem me inspira. Isso conta? :-)
    Não sei é se me agrada muito essa sensação de deja vu... não é lá muito encorajadora para continuar com isto...
    Beijo ousado

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  3. A melhor cama é a que se partilha entre grandes Amigos. Porque a paixão acaba sempre por desvanecer, mas a amizade jamais.

    E a ternura é o tempero especial que dá um gosto único ao sexo, canela polvilhada em núvens aromáticas...

    Beijo com sabor a alcaçuz,

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