quarta-feira, 2 de março de 2011

Do Norte, inesperadamente... (1ª parte)

 
Setembro, fim de século, Barcelona.
Apresentação mundial daquele modelo, daquela marca sueca, aos concessionários de todo o mundo.
Pavilhão olímpico de Montjuic. Noite.
O programa oficial acabou com o fim daquele jantar de gala. Os altifalantes anunciam em todas as línguas presentes que os autocarros da organização em direcção aos hotéis na cidade vão começar a estar disponíveis.
Os portugueses do grupo encaminham-se para a saída.
“Vamos embora e aproveitar e gozar a noite de Barcelona”, dizem eles. Embora sem experiência por aí além, ao rapaz algo lhe diz que ir num grupo de portugueses meio broncos, ligados ao mundo do comércio automóvel, correr capelinhas em Barcelona, não irá bem de encontro ao que ele acha que será gozar a noite naquela magnifica cidade.
Deixa-se ficar.
Observa o ambiente em silencio, discretamente. Vê caras bonitas, outras nem tanto. Muitas lantejoulas ainda por ali brilham.
Passa o tempo que passa e os altifalantes anunciam a ultima viagem dos autocarros.
É agora.
Dirige-se ao autocarro marcado com o nome do hotel onde estava hospedado. É o ultimo a entrar.
Senta-se de frente para uma mulher.
Vestido de noite preto, lantejoulas, ombros nus, salto alto, agulha.
E olha para ela e sorri-lhe. Ela retribui o sorriso.
Nessa altura ele vê olhos azuis, cabelo preto, covinhas no rosto e sorriso fácil.
Pergunta-lhe de onde vem, e ela responde que da Suécia. Gabinete de design da marca.
Pergunta-lhe se gostou, e ela responde que está cansada. Afinal está lá há três semanas, os concessionários de todo o mundo tinham sido divididos em grupos, e o primeiro grupo, asiáticos e australianos tinha chegado duas semanas antes. Ela tinha ido uma semana antes disso, para os preparativos.
Três semanas fora, cansaço acumulado e saudades de casa, do marido e do filho. Muitas saudades.
O rapaz vê nisso um sinal de aviso.
A conversa continua fluida no entanto, fala ele, diz de onde vem e pouco mais.
E de um repente solta um “do you want to have a drink at the hotel bar?”, ao que ela responde “why not?”.
Uma chuva miudinha lambe agora os vidros do autocarro.
Chegada à frente do hotel, o autocarro pára, e saem. Gesto quase instintivo, ele tira o casaco do fato e põe-no por cima dos ombros nus dela.
Entram no lobbie, e azar dos azares, o grupo dos tugas está todo lá em algazarra, certamente a discutir onde irão gozar a noite.
Calam-se, quando vêem entrar aqueles dois, ela com o casaco dele sobre os ombros. Um silencio ensurdecedor, quase tanto como os olhares de “cabrãozinho, já se orientou!”. O rapaz queria um buraco para se enfiar. Imaginava-se na pele dela, perante aquela recepção, e em como se estaria a sentir.
Ela adianta-se e diz “parece-me que a tal bebida no bar não é muito boa ideia”. Devolve-lhe o casaco e agradece.
Dirigem-se à recepção e pedem cada um a chave do seu quarto. Ela recebe a dela, despede-se com um “have a nice night” e desaparece no elevador.
Ele fica por ali, a pensar se há-de mandar os tugas todos à merda. Não, ri-se, dá duas ou três tretas, e sobe.  A noite para ele tinha acabado ali.
Quando mete a chave à porta do quarto, ouve o telefone a tocar. Corre e atende.
Era ela: “Desculpa, ouvi o numero do teu quarto quando pediste a chave. Temos mini bar, podemos tomar a tal bebida no quarto.”
“sim, claro. Vou aí ou vens aqui? -  já sabes o numero”. “Eu vou aí, dá-me 5 minutos” responde ela.
Afinal havia esperança.
Deu uma olhadela rápida, arrumou peças de roupa que estavam espalhadas, lavou a cara, ajeitou o cabelo, tirou a gravata. Pensou em tirar ou não os sapatos de verniz, mas manteve-os. Ligou o som e escolheu à pressa uma musica suave.
Quase de imediato ouviu pancadas na porta.
(continua…)

12 comentários:

  1. Memórias despertas...um hotel de luxo da Capital, um Italiano, uma Portuguesa, um elevador, um olhar que se cruza. Mas não se concretiza, porque os one night stands não fazem o género dela e o sexo fácil não tem o sabor da conquista alcançada.

    Trocam-se emails no dia seguinte. Passam-se meses.

    Uma viagem a terras nórdicas, ele e ela. A cama então, finalmente conctretizada, vivida na intensidade de um desejo acumulado.

    Orgasmos que se multiplicam...

    (O Latin Lover, algures no Notebook)!

    Beijo cruzado!

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  2. Curioso ler o teu depois de ter escrito a minha pequena alegoria ontem!

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  3. Gazer,
    O mundo está cheio de coisas para acontecerem.
    Beijo alinhado.

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  4. Rapaz querido:
    Hoje deixo apenas um beijo dado levemente nos teus olhos e lábios.

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  5. As ousadias morreram?
    Anda tudo muito parado.
    Um beijo ousado

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  6. Rapaz Ousado... tenho um selo no meu blog, com o teu nome:D espero que passes por la.
    kiss kiss

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  7. Sakura,
    As ousadias estão vivas.
    Seguem dentro de momentos.
    Esse beijo ousado... retribuo-o

    Sweet_vamp,
    Sou um rookie... O que faço eu com ele? Diz-me, diz-me tudo o que queres que (te) faça...
    Beijo beijo

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  8. Ai ai ai Rapaz Ousado... faz o que bem entenderes com o selo, porque comigo, um dia digo-te ao ouvido....
    kiss kiss

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  9. Vamp,
    "um dia" parece sempre tão longe...
    Cheira a timidez guardada pela distancia desse tempo de intervalo. Será?
    ;)
    tease tease.

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  10. Rapaz Ousado.... porque nao me poes á prova... só assim saberas...

    kiss kiss

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